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As razões do Celibato Sacerdotal

por:  *Antonio Alfredo Coelho Beviláqua

O celibato sacerdotal que a Igreja Católica adotou no Século XI, fez parte de um movimento reformista, com o objetivo de restaurar a sua missão evangelizadora, derrubando a interferência política com as Investiduras iniciadas no século X, quando o imperador Oto I , do Sacro Império Romano Germânico em troca da proteção que dava à igreja, começou a querer controlar os assuntos de religião e as ações do Papa, com nomeações ou investiduras de bispos que ordenavam padres casados, de acordo com as conveniências políticas, abrindo as portas para a corrupção entre os membros do clero. Estas intromissões se expandiam com ingerência política na Santa Sé exercida pelos reis da França e da Polônia, prejudicando a Igreja na sua missão de anunciadora do Evangelho. Era preciso arrancar estas ervas daninhas que transformavam a Igreja em um campo minado de corrupção e de indisciplina, usando o tráfico ou venda ilícita de coisas sagradas, manchando a conduta da Igreja e prejudicando a sua missão evangelizadora com muitos escândalos envolvendo os príncipes seculares, os quais como lobos famintos, invadiam o aprisco do Senhor. Os reis Filipe e Augusto I da França, Boleslau II da Polônia praticavam e difundiam a crueldade, a devassidão e a imoralidade, destacando-se entre estes Henrique IV, imperador da Alemanha como verdadeiro monstro, o qual foi excomungado juntamente com seu prelado rebelde formado de padres casados.

Deus se apiedou de sua Igreja e deu-lhe um Papa, como as circunstâncias o exigiam, na pessoa de Dom Hildebrando Brandeschi OSB que assumiu a suprema dignidade papal, com o título Gregório VII. Ao receber essa notícia, São Pedro Damião, Bispo e Doutor da Igreja, contentíssimo exclamou: "Agora será calcada a cabeça da serpente peçonhenta, e será posto  um termo aos negócios torpes; o falsário Simeão Mago não mais cunhará moedas na Igreja; voltará ao tempo áureo dos Apóstolos, revigorará  a disciplina eclesiástica, serão derrubadas as mesas dos vendilhões..." Não fosse a Igreja uma instituição divina, edificada sobre a rocha, os próprios filhos tê-la-iam destruído.  Nestas circunstâncias, no ano de 1073, o Santo Padre, o papa Gregório VII, convocou o Concílio Lateranense, decidindo por proibir a investidura religiosa exercida pelos imperadores e Instituiu o celibato, alicerçando-se no Evangelho. Como se vê, o celibato sacerdotal, embora não tenha sido adotado nos primórdios da Igreja, foi instituído com base no Evangelho, observando-se a interpelação de Pedro a Jesus, em Mc 10, 28-31: “Eis que deixamos tudo e te seguimos”. Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade vos digo, ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho, que não receba já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna”. A Igreja é coerente e fiel no cumprimento da missão que lhe foi confiada, em obediência à ordem recebida de Jesus: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho”. Por isso, adota o celibato, em zelo pelo Evangelho e pelo sacerdócio, defendendo que os padres não devem constituir família, para que eles em se preocupando com o bem-está da esposa e dos filhos se descuidem das demais ovelhas do rebanho, como também fiquem impedidos de partirem para anunciar o Evangelho em lugares distantes. Disse Jesus em uma passagem do Evangelho: “As aves têm ninhos e as raposas têm as suas tocas, mas o Filho do Homem não tem um lugar aonde repousar”.

Muitos jovens procuram o seminário, mas só serão ordenados padres se realmente tiverem vocação para o sacerdócio e assumirem votos de pobreza, humildade e obediência, aceitando as normas disciplinares na hierarquia da Igreja, tendo todo o tempo de Seminário para decidirem, pois ser padre é um sacerdócio que requer sacrifícios. Também, qualquer pessoa de boa vontade poderá observar que a Igreja é isenta de paixões políticas, pois não deve misturar a missão evangelizadora com a arte de fazer política recomendando aos padres que não se envolvam em cargos eletivos, limitando-se a orientar os seus fiéis ao voto consciente.

Católico Leigo

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